terça-feira, 22 de setembro de 2009

STC-NG7/DR4

Introdução
Naturalista britânico, inicia estudos de Medicina e de Teologia, mas em 1831, aprende bastante de Botânica, Entomologia e Geologia, é recomendado para uma expedição científica a bordo do Beagle. A volta ao mundo do Beagle dura cinco anos, durante os quais Darwin forma a sua colecção de naturalista, acumula observações práticas e modifica os postulados teóricos básicos da ciência biológica da época. Aos 27 anos, de regresso a Inglaterra, decide dedicar a sua vida à ciência. Em 1842, com a herança paterna, retira-se para uma casa no campo, onde vive consagrado ao estudo até à morte.
No estudo A Origem das Espécies formula a teoria da evolução dos seres vivos mediante uma selecção natural que favorece nos indivíduos variações úteis na luta pela existência; estas variações transmitem-se, reforçadas, aos descendentes.
Charles Darwin formula a doutrina evolucionista, segundo a qual as espécies procedem umas das outras por evolução. Em virtude da selecção natural sobrevivem os indivíduos e as espécies melhor adaptados. Estas ideias revolucionam as concepções biológicas da sua época.
A esta obra segue-se A Origem do Homem, em que aprofunda a sua teoria sobre a descendência do homem e do macaco de um antepassado comum. Por formular estas ideias vê-se violentamente combatido pelas mais diversas correntes religiosas, que vêem no homem a imagem de Deus. Consequentemente, em redor do pensamento de Darwin cristalizam as polémicas vitorianas sobre a natureza social, metafísica e fisiológica do homem.
O impacto desta obra é imediato e sensacional. O público culto já está introduzido na concepção da evolução, mas o facto de um cientista respeitado contribuir com tal quantidade de evidências para provar esta ideia revolucionária convence um grande número de cientistas importantes, de modo que, por muitos oponentes que tenha, a opinião geral torna-se favorável.
Darwin tem uma influência decisiva sobre a literatura da segunda metade do século XIX e contribui involuntariamente para o advento do naturalismo literário.
Desenvolvimento
Charles Darwin nasceu a 12 de Fevereiro de 1809 no seio de uma família abastada. O seu pai era um médico famoso e altamente respeitado e Susannah, sua mãe, pertencia a uma importante família de fabricantes de cerâmica.
Darwin não foi um aluno brilhante, pois não se interessava pelas matérias que lhe ensinavam na escola. Estava destinado a viver da fortuna da família, mas o seu pai convenceu-o a optar por uma profissão. Em 1825, Charles Darwin foi estudar medicina, tendo desistido dois anos mais tarde, para ingressar no curso de direito na Universidade de Cambridge. Um dos seus professores, Prof. Henslow, convenceu-o a levar mais a sério o seu interesse pelas Ciências.
Em Janeiro de 1831, Darwin formou-se. O Prof. Henslow falou-lhe então de um navio, o H.M.S. Beagle, que iria partir para uma viagem à volta do mundo numa missão de investigação e, assim, em 27 de Dezembro de 1831, Darwin partiu numa expedição que iria durar cinco anos e que se iria tornar um marco da história da Ciência.
O governo inglês queria contribuir para a cartografia de zonas pouco conhecidas da costa sul-americana. Para esta tarefa, era necessário um naturalista, para observar e coleccionar tudo o que houvesse de interesse — Darwin, devido à sua juventude, era a escolha acertada.
A viagem do Beagle começou a 27 de Dezembro de 1831 e durou 5 anos. Durante este tempo percorreu toda a costa sul-americana, parou em todas as ilhas das Galápagos, continuando para a Austrália e depois para Sul de África.
Darwin teve oportunidade de observar diferentes fenómenos da natureza que lhe despertaram a curiosidade e que viriam a ser pilares no desenvolvimento da sua teoria. Na Argentina, desenterrou ossos de animais já extintos, mas que apresentavam algumas semelhanças com espécies actuais.
Mais tarde, no Chile, presenciou um vulcão em plena erupção; as Galápagos apresentavam uma fauna e flora peculiares, que lhe proporcionaram o estudo das iguanas, tentilhões e tartarugas.
Após a chegada do Beagle a Inglaterra, o trabalho de Darwin como naturalista tinha de ser terminado. Para isso, instalou-se em Londres, onde editou dois livros: um livro que descrevia o trabalho zoológico durante a viagem e outro que era o seu diário de bordo.
Pouco tempo depois do seu casamento com Emma Wedgwood, a família mudou-se para a aldeia de Down no Sudeste da Inglaterra. Foi aqui que desenvolveu a teoria que o tornaria famoso e que iria revolucionar o pensamento. Darwin permaneceu nesta casa o resto da vida rodeado apenas pela família e alguns amigos mais íntimos.
To das as informações recolhidas durante a viagem e os relatórios que os seus colegas prepararam (baseados nas espécies enviadas por Darwin) alertaram-no para algumas questões.
As tartarugas das Galápagos eram suficientemente parecidas para terem uma origem comum, mas pertenciam a 7 espécies diferentes, e cada espécie vivia numa só ilha. Um fenómeno semelhante acontecia com os tentilhões. Darwin concluiu que as ilhas tinham sido povoadas a partir do continente e que as características de cada ilha tinham condicionado a evolução das espécies, levando assim à sua diferenciação. Esta conclusão levou Darwin a juntar-se à corrente evolucionista, já defendida por outros como Lamarck.
Segundo Lamarck, todas as espécies tinham evoluído a partir de outras espécies ancestrais. E as novas características adquiridas pelos seres vivos deviam-se à necessidade de adaptação ao meio que os rodeava. Sendo assim, se um órgão ou função de um ser vivo fosse muito utilizado, este tornava-se mais forte, mais vigoroso e de maior tamanho. Mas se um órgão ou função não fosse utilizado, atrofiava e acabaria por desaparecer. Estas características eram, por sua vez, transmitidas às gerações seguintes. A adaptação era progressiva e caminhava para a perfeita interacção com os factores ambientais. Desta forma, Lamarck explicava o tamanho do pescoço das girafas ou dos flamingos.
Darwin veio modificar a teoria de Lamarck tornando-a mais verdadeira. Segundo esta teoria, o número de indivíduos de uma espécie não se altera muito de geração em geração, pois uma boa parte dos indivíduos de uma geração é naturalmente eliminada, devido à luta pela sobrevivência. Assim, os indivíduos que sobrevivem são os mais aptos e melhor adaptados ao meio ambiente, os outros são eliminados progressivamente. O resultado desta luta é uma selecção natural que ocorre na natureza, privilegiando os melhores dotados relativamente a determinadas condições ambientais. Como as formas mais favorecidas têm uma maior taxa de reprodução em relação às menos favorecidas, vão-se introduzindo pequenas variações na espécie que a longo prazo levam ao aparecimento de uma nova espécie. Como os mecanismos hereditários ainda não eram conhecidos, Darwin não conseguiu explicar como surgiam as variações dentro das espécies, nem como eram transmitidas às descendências.
Ao mesmo tempo que Darwin definia a sua teoria, o naturalista Wallace enviou-lhe o seu trabalho, com uma teoria muito próxima à sua, para que Darwin desse a sua opinião. Este facto apressou todo o processo e pouco tempo depois, Darwin apresentou a sua teoria e a de Wallace à Linnaean Society.
Dedicou o ano seguinte a escrever um livro, que em quatro volumes resumia a sua teoria, ao qual Darwin chamou de "On the origin of species" (A origem das espécies).
O livro esgotou no primeiro dia de vendas e levantou uma tempestade de ideias que dificilmente se acalmou. A Igreja Católica contestou ferozmente a teoria, pois esta desmentia alguns dogmas seculares. Além disso, reduzia-nos a um universo apenas material, onde todo o processo de criação se devia ao ambiente e não a Deus. Darwin sempre negou a sua intenção de destruir a imagem de Deus e manteve-se devoto até ao fim da sua vida.
Darwin publicou muitas outras obras expondo as suas teorias e a sua biografia. Foi igualmente pioneiro em muitos temas controversos no campo das ciências. As suas ideias foram realmente revolucionárias, tendo iniciada uma linha de pensamento totalmente original.
Morreu a 1 de Abril de 1882, tendo sido sepultado na Abadia de Westminster — devido à sua popularidade, o governo concedeu-lhe esta honra, ainda que contra a vontade da família.
Frases Célebres de Charles Darwin
"A man’s friendships are one of the best measures of his worth" (as amizades de um homem são uma das melhores medidas do seu valor).
"An American Monkey after getting drunk on Brandy would never touch it again, and this is much wiser than most man" (um macaco americano depois de se embebedar com brandy nunca mais volta a bebê-lo, neste sentido é muito mais sensato do que a maioria dos homens).
Há grandeza neste modo de ver a vida, com as suas potencialidades, que o sopro do criador originalmente imprimiu em algumas formas ou numa só; e assim, enquanto este planeta foi girando de acordo com a lei imutável da gravidade, a partir de um início tão simples evoluíram inúmeras formas mais belas e mais maravilhosas.
Charles Darwin - A origem das Espécies
Conclusão
Assim, a teoria da evolução das espécies baseia-se nestes conceitos: origem da vida; provas de evolução a partir de campos biológicos diversos (semelhanças quanto à forma, embriológicas, bioquímicas ou achados paleontológicos); factores de evolução: herança (que conserva os caracteres), variabilidade (mutação, recombinação de genes), selecção natural (o meio actua sobre as variações, com os mais fortes a imporem-se aos mais fracos) e isolamento.
O evolucionismo rapidamente se expande para além das ciências da vida a outras áreas do conhecimento, universalizando-se e adaptando-se aos seus princípios científicos. Na filosofia, é entendido como lei geral dos seres comum a toda a espécie de existência, em geral ou em particular; na antropologia e na sociologia, está por detrás da concepção de que o desenvolvimento das sociedades e das instituições seguiu uma certa orientação através de etapas vencidas por meio de leis demonstráveis (Comte); atinge também a política e a história. Abre, pois, novas perspectivas e considerações em variadíssimos ramos do saber, mantendo as suas questões tradicionais grandes e aceso debate a nível filosófico.
No mundo de hoje, o evolucionismo surge como uma doutrina extraordinariamente actual e dotada de argumentos capazes de criar rupturas com o tradicionalismo e as convenções clássicas, conduzindo o Homem a uma reabordagem constante da sua própria evolução biológica. O universo e a vida, em todas as suas manifestações, e a natureza nos seus múltiplos aspectos são cada vez mais entendidos como resultado do desenvolvimento, por oposição às ideias religiosas da criação inicial. O evolucionismo pressupõe serem mais plausíveis a mudança, o desenvolvimento e a adaptação como mecanismos de explicação do conjunto dos organismos vivos.

Bibliografia:
Porto Editora, Diciopédia 2003
www.vidaslusofonas.pt
www.ajc.pt
www.naturlink.pt

STC-NG7/DR2



O que é a ciência? A ciência caracteriza-se como explicação racional de fenómenos, com vista à resolução dos problemas que nos afligem. No entanto, o seu papel, e a sua tomada de posição perante os diversos assuntos que agitam a sociedade, têm variado de época para época. Actualmente, estes parâmetros da ciência ainda não estão completamente definidos. Este facto deve-se à crise que abalou a comunidade científica há cerca de meio século, criando a difícil transição daquela que era a Ciência Moderna para a actual e ainda pouco definida Nova Ciência.
Da Antiguidade até ao séc. XVII (aproximadamente), a ciência e a filosofia formavam um todo (a ciência tinha, até, o nome de filosofia natural), muito controlado pela religião. O cristianismo limitava as investigações e, consequentemente, todo o progresso da ciência. Contudo, o aparecimento da astronomia e física modernas fazem diminuir progressivamente o controlo da religião sobre a ciência, permitindo que esta se torne numa entidade autónoma e independente. É assim que a Ciência Moderna nasce no séc. XVI, quando as sociedades ocidentais e a Igreja se viram confrontadas com a importância das descobertas que se faziam. O renascimento cria uma profunda revolução científica que transtorna os conceitos e as ideias fundamentais da Natureza, do Homem, e do Universo.
Estas descobertas devem-se, entre outros, a Copérnico, Galileu, Newton e Descartes. Todos estes cientistas foram, no fundo, os fundadores da Ciência Moderna.
Esta ciência assenta em dois grandes pressupostos, que a caracterizam. O primeiro é a rejeição absoluta dos dados dos sentidos (experiência imediata) e do senso comum (preconceitos). Ao duvidar desses dados, a Ciência Moderna afirmava que estes eram úteis apenas para o conhecimento vulgar, mas que viriam iludir e induzir em erro o conhecimento científico. A experiência seria importante apenas como ponto de partida para uma investigação, ou como confirmação das teorias criadas. O segundo pressuposto baseia-se na Matemática. A Ciência Moderna só considerava verdadeiro o que era quantificável: «o rigor científico, só poderia assentar nos aspectos quantificáveis dos objectos e, por consequência, no rigor das medições» 1. Assim, tudo o que não podia ser traduzido em números, utilizando a Matemática, era cientificamente irrelevante. Hoje, considera-se que este rigor matemático desqualificou os objectos, pois tirou-lhes as relações (parte muito importante do seu conceito) com o seu meio envolvente.
A Ciência Moderna também tinha um método próprio, que consistia em dividir a realidade em porções, de modo a poder simplificá-las, entendê-las, analisá-las e classificá-las uma a uma. De seguida, voltava a juntar todas estas porções, e acreditava ter diante de si um estudo fiável que abrangia toda a realidade. Para criar uma verdade absoluta, a Ciência Moderna isolava-se da realidade, num laboratório, no qual entendia obter resultados racionais e absolutos.
O modelo desta ciência designa-se por modelo mecanicista, que encara o Universo como uma máquina (um mecanismo de relógio, por exemplo), cujos resultados são previsíveis através de leis físicas e matemáticas. O modelo mecanicista baseia-se em três preconceitos, ou três premissas: a homogeneidade da matéria, a regularidade cíclica dos acontecimentos, e a causalidade ou racionalidade do Universo. No geral, estas premissas deixam claro que existe ordem e estabilidade no mundo (as leis que se verificam aqui, também se verificam em qualquer outro ponto do Universo), que os acontecimentos do passado repetem-se no futuro, sendo assim possível a sua previsão, e que o mundo é racional, comandado por uma força inteligente. A Ciência Moderna defende a imutabilidade da espécie humana.
Pode dizer-se que outra característica da Ciência Moderna, resultante das grandes descobertas que se fizeram sob a sua influência, é o facto de ter proporcionado uma nova visão do mundo. Esta visão queria-se racional, sem ilusões, e distinta da visão medieval do mundo que veio substituir: o nosso planeta já não era o centro do Universo (graças a Copérnico), a vida não surge de geração espontânea, não somos a obra de um ser divino, mas descendemos do macaco (graças a Darwin), os impulsos inconscientes da nossa mente (graças a Freud) e muitas outras descobertas que, de certo modo, vieram “desencantar” (ou confundir) a sociedade.
Foi então que todo este conceito de Ciência Moderna, ao ser posto à prova, falhou. O primeiro a contribuir para esta crise foi Albert Einstein que, ao criar a noção de que não existe simultaneidade universal (não pode ser verificada a simultaneidade de acontecimentos distantes), descredibilizou a existência de espaço e tempo absolutos, defendidos por Newton. Este conceito mostrou também que as leis da Física e da Geometria são baseadas em medições locais, não podendo ser universalizadas. A premissa do modelo mecanicista que afirmava a homogeneidade da matéria estava assim posta em causa.
Ao provarem-se relativas, as leis de Newton inspiraram o Princípio da Incerteza, de Werner Heisenberg. Este princípio traz uma nova visão do conhecimento, assegurando que este é limitado e aproximado, e que os resultados que dele obtemos são meramente probabilísticos, relativos e parcelares. Esta nova caracterização do conhecimento deve-se ao facto de Heisenberg ter demonstrado que, ao observar e analisar um objecto, o sujeito confunde-se com ele, invade-o, influenciando assim o seu conceito («não conhecemos do real senão a nossa intervenção nele») . Ao provar que, mesmo quando estudamos um objecto em laboratório, este é manipulado ou alterado pela intervenção do sujeito, o método “extremista” da Ciência Moderna (que consistia em isolar-se da realidade num laboratório para obter um estudo fiável dessa mesma realidade) foi, de certo modo, posto de lado. As leis da Física foram, também elas, consideradas probabilísticas, e conclui-se que a totalidade do real não se reduz à soma das partes em que foi dividido para análise, inviabilizando a hipótese mecanicista.
Outro contributo para a crise da Ciência Moderna foi Kurt Gödel, que, através das suas investigações (baseadas na demonstração de que era possível formular proposições individuais que não se podem demonstrar nem refutar usando a Matemática) provou que a Matemática carece de fundamento. Ao questionar o rigor da Matemática, o principal alicerce da Ciência Moderna (que consistia em considerar verdadeiro apenas o quantificável e cujo conhecimento se baseava em cálculos e no rigor de medições), desmoronou-se.
Por fim, descobriu que, em sistemas abertos, a evolução não é previsível, pois explica-se por variações de energia que desencadeiam reacções que, ao tornarem o sistema instável, o conduzem a um novo estado macroscópico (esta transformação é irreversível). Surgiu então um tempo de reflexão sobre a Ciência Moderna. Assim, esta descoberta, para além de inviabilizar o preconceito da Ciência Moderna que assegura a regularidade cíclica e previsível das alterações do Universo, levou a uma nova concepção da matéria e da Natureza.
O fim da Ciência Moderna foi então acelerado e marcado pela 2ª Guerra Mundial. As consequências desta guerra, que não tinham sido previstas, levaram a comunidade científica da altura a questionar-se sobre o quão ético e correcto fora o lançamento das bombas nucleares no Japão. Essas consequências vieram provar que, para além de não serem verdadeiros os pressupostos da Ciência Moderna, a ausência de valores humanos nesses pressupostos tinha levado às consequências nefastas que se verificaram.
Em resposta a esta crise, surge um novo movimento científico, que se destaca pela sua oposição total às bases que sustentam a Ciência Moderna. Passou a entender-se que as leis, para além de serem uma simplificação da realidade, têm um carácter meramente probabilístico e provisório. Considerou-se que o modelo matemático da Ciência Moderna, isto é, a ideia de que a Matemática pode abranger tudo, e de que tudo é quantificável, constitui apenas uma limitação para o nosso conhecimento e para a nossa apreensão da realidade. Isto deve-se ao facto dos objectos não se reduzirem apenas aos seus aspectos quantificáveis, e de a sua quantificação não ter em conta as relações complexas estabelecidas entre o objecto e o resto do mundo. Assim, passam-se a utilizar vários métodos para estudar a realidade, dependendo daquilo que queremos demonstrar. Também, já não se considera a separação entre sujeito e objecto: entende-se agora que o objecto é uma continuação do sujeito. A incerteza já não é considerada como uma limitação técnica, mas é um elemento fundamental para se entender o mundo que estudamos – a ciência é agora um esforço de eliminação de erros. Considera-se então que não existem ciências exactas, nem verdades absolutas. O senso comum também foi aceite por esta nova comunidade científica, tendo em conta que é visto como “sabedoria da vida”, logo, constitui conhecimento que se pode revelar útil no entendimento de certos aspectos do mundo. Assim, a ciência também ela, tem como objectivo transformar-se em sabedoria da vida. Menos arrogante, esta nova forma de encarar o conhecimento e a ciência designa-se por Ciência Pós-Moderna, ou Nova Ciência.
Mas, e sendo considerado como recente o surgimento desta Nova Ciência, esta ainda não está completamente definida. Para que o seu conceito seja estabelecido e aplicado internacionalmente, é necessário que haja um consenso em toda a comunidade científica. Só desta forma poderá ser criado um novo paradigma – conjunto de métodos e critérios que regem a actividade científica. Até que seja definido o paradigma para a Nova Ciência, pode dizer-se que, actualmente, o mundo científico está em crise. Naturalmente, esta crise não impede o progresso científico e tecnológico, bem pelo contrário. Vivemos numa época extremamente criativa e produtiva a estes níveis, em parte devido à ausência de paradigma, que proporciona uma maior liberdade. No entanto, esta liberdade não implica que qualquer teoria seja considerada válida! Assim, os cientistas têm que ver a sua tese aceite por toda a comunidade científica para que esta possa ser vista como uma teoria válida. Para fazer aceitar a sua teoria, o cientista já não se limita a fazer uma demonstração: o elemento argumentativo é fundamental. Verifica-se uma maior exigência e rigor na obtenção do conhecimento científico e das teorias consideradas válidas, levando a que se façam menos descobertas realmente significantes, mas que estas sejam mais fiáveis.
O avanço da tecnologia leva a que a verdade, na Nova Ciência, seja vista como efémera. É aceite apenas enquanto os seus argumentos são válidos, e antes que seja substituída por outra teoria (com melhores argumentos, e menos erros). Esta verdade resulta de uma relação dialogante entre a realidade e as competências do homem (lógica, memória, reflexão crítica, etc.).
Desta forma, ao serem agora toleradas as interferências dos valores humanos, e ao aceitar-se a efemeridade da verdade, iremos obter um conceito mais abrangente, viável, e realístico do conhecimento.